Álvaro Ribeiro de Barros (patrono)
- Academia Campista de Letras
- 10 de mai. de 2024
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Nasceu na propriedade rural de seus pais, nos arredores de São Gonçalo, hoje Goitacazes, distrito do município de Campos, no dia 20 de dezembro de 1879. Seus pais eram José Ribeiro de Almeida e Rita Ribeiro de Barros.
Realizou os cursos primário e secundário na sua terra natal, no Ateneu Campista e, depois, no Liceu de humanidades.
Em 1899, matriculou-se na Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro, onde foi auxiliar dos Mestres Werneck Machado e Alfredo Porto. Como interno do Hospício de Alienados, trabalhou com o Professor Teixeira Brandão e seu Assistente, Professor Henrique Roxo. Ainda estudante, demonstrava pendores pela Neuropsiquiatria.
Diplomou-se em 1904, apresentando a tese de doutoramento “Contribuição ao estudo clínico dos reflexos cutâneos”.
Muda-se para Bicudos, atual Rio Casca, e, em seguida, para Vargem Grande, atual Brazópolis, ambas em Minas Gerais, voltando mais tarde para Campos.
Na Faculdade tinha como colegas de turma, Borges da Costa e Samuel Libânio, que influenciaram na sua vinda para Belo Horizonte.
Transferiu-se para esta cidade, em 1913, por motivo de doença. Indicado pelo Professor Samuel Libânio, é convidado para reger a Cadeira de Clínica de Moléstia Nervosas, na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Em 18 de janeiro de 1914, eleito pela Congregação, empossou-se na Cadeira de Clínica Neurológica e Psiquiátrica (nova denominação). Em 1918, a cadeira foi desdobrada em cadeira de Clínica Neurológica e Cadeira de Clínica Psiquiátrica, optando o Professor Álvaro de Barros pela última.
Foi professor de Química e Física na Escola Norma de Belo Horizonte, hoje Instituto de Educação.
Em 1920, o presidente Dr. Artur da Silva Bernardes pretendeu uma reforma ampla nos serviços de assistência aos alienados, devido às precárias condições existentes na Capital do Estado de Minas Gerais e, para isto, era necessário construir um nosocômio, que seria modelar no país. Convida o Professor Álvaro de Barros para coordenar as obras e, em sete de setembro de 1922, o hospital é inaugurado com o nome de Instituto Neuro-Psiquiátrico de Belo Horizonte.
Álvaro de Barros seria o seu Diretor, porém, com o agravamento da sua doença, falece uma semana antes, no dia 30 de agosto, aos 42 anos de idade.
Em 1924, o Instituto teve o nome mudado para Raul Soares, o qual permanece até os dias de hoje.
Jornalista e poeta fundou em Brazópolis, o jornal “O Imparcial” e colaborou no “Minas Gerais” com vários ensaios literários e poesias.
Álvaro de Barros consagrava grande parte do seu tempo à leitura e ao estudo. Possuía, talvez, a maior biblioteca particular da sua época, em Belo Horizonte. Após a sua morte, o Governo Mineiro adquiriu-a, para constituir o Núcleo da Biblioteca do Instituto Raul Soares, apesar de os livros técnicos serem em menor número do que os demais.
De parcos proventos e vida curta, mas com muita aplicação e inteligência, adquiriu vasta cultura literária, filosófica e médica no campo da Neuropsiquiatria.
Poliglota, cultor e apaixonado do vernáculo. Poeta, prosador, conferencista, professor e jornalista. Sobre o seu falecimento assim escreveu um dos seus amigos: "Com a morte do ilustre professor Dr. Álvaro Ribeiro de Barros, vitimado por longa e dolorosa moléstia, apagou-se um espírito de maravilhoso fulgor e deixou de pulsar um nobre coração, que, realçados pela pureza de um grande e modelar carácter, tornaram inconfundível no seio de sua classe, a personalidade eminente do notável cientista.
O preclaro médico, desde moço, foi sempre, pelos primores de uma inteligência poderosa e privilegiada, figura de relevo entre os que, no estudo da medicina, como da literatura mais se distinguiram na sua profissão...”