Nasceu na cidade de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, em 2 de outubro de 1867. Filho de Sebastião de Sousa Peçanha e de Joaquina de Sá Freire Peçanha. Seu pai era um agricultor pobre, mestiço, proprietário de um sítio localizado no Morro do Coco, que, mais tarde, após vender a sua propriedade, comprou uma panificadora no centro da cidade, onde a família passou a morar. Sua mãe era originária de uma família de prestígio na política norte-fluminense. Era casado com Anita Belisário Peçanha, filha do advogado João Belisário Soares de Sousa, pertencente a uma tradicional família fluminense, que se opusera à realização do matrimônio, realizado em 1895. Iniciou os estudos primários em sua cidade e, depois, matriculou-se no Liceu de Campos. Mudou-se então para o Rio de Janeiro, tendo frequentado o Colégio Alberto Brandão, onde terminou o curso de humanidades. Foi aluno da Faculdade de Direito de São Paulo, mas concluiu o bacharelado em ciências jurídicas e sociais em 1887 na Faculdade de Direito do Recife, período em que escreveu artigos para os jornais universitários e panfletos pró-republicanos. Depois de formado, retornou a Campos, onde exerceu a advocacia e o jornalismo, participando ativamente dos movimentos abolicionista e republicano. Foi um dos fundadores do Clube Republicano campista e, com a Proclamação da República, tornou-se partidário do marechal Deodoro da Fonseca e dos militares. Após a renúncia de Deodoro, apoiou fortemente o governo de Floriano Peixoto e, mais tarde, no quadriênio Prudente de Morais (1894-1898), aproximou-se dos círculos jacobinos cariocas. Foi deputado pelo Rio de Janeiro à Assembleia Nacional Constituinte (1890-1891), deputado federal pelo Partido Republicano Fluminense (1891-1893, 1894-1896, 1897-1899) e pelo Partido Republicano do Rio de Janeiro (PRRJ) para a legislatura 1900-1902, senador pelo Rio de Janeiro (1903-1904, 1912-1914 e 1921), presidente desse mesmo estado (1903-1906 e 1914-1917) vice-presidente da República (1906-1909) e, após o falecimento do presidente em exercício, Afonso Pena, em 14 de junho de 1909, exerceu a Presidência da República (1909-1910) e foi ministro das Relações Exteriores (1917-1918). Em 1921, concorreu à Presidência da República na legenda dissidente representada pela Reação Republicana, tendo como vice-presidente seu amigo e professor J. J. Seabra, mas foi derrotado pelo candidato da chapa oficial Artur Bernardes. Na presidência, sua gestão foi marcada pela diversificação da produção agrícola, visando, em especial, à modernização do setor a partir da adoção de medidas orientadas por princípios técnicos científicos. Instalou o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC) por meio do decreto n. 7.501, de 12 de agosto de 1909, pasta que passou a exercer variadas atribuições direcionadas a questões relacionadas à mão de obra rural, ao ensino agronômico e à diversificação e ao aperfeiçoamento técnico da produção agrícola, com exceção do café, que possuía políticas estatais voltadas especialmente para o setor. Criou também, por meio do decreto n. 7.566, de 23 de setembro de 1909, as escolas de aprendizes e artífices subordinadas ao MAIC voltadas para o ensino técnico e industrial do país, sendo destinadas às camadas mais pobres da população. Deu prosseguimento à ampliação da malha ferroviária, iniciada pelo seu antecessor, investindo na construção de estradas de ferro conectadas às regiões portuárias, notadamente as situadas no nordeste do país. Impulsionou a construção de linhas telegráficas, criou o Serviço de Proteção ao Índio (1910), destinado a prestar assistência aos índios aldeados, nômades e aos que já conviviam com os civilizados. Concluiu as obras de modernização do porto do Rio de Janeiro, o que permitiu o tráfego de navios de grande porte, além de ter aperfeiçoado o fornecimento de eletricidade nessa cidade, tendo instalado também a luz elétrica em Niterói. No Ministério das Relações Exteriores assinou a declaração de guerra à Alemanha quando então o Brasil entrou na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Escreveu As Impressões da Europa (1912). Faleceu no Rio de Janeiro, em 31 de março de 1924.
Fonte: https://mapa.an.gov.br/index.php/publicacoes2/70-biografias/806-nilo-procopio-pecanha (acesso em 13 mai. 2024).