ACADEMIA
NOSSA HISTÓRIA
A Academia Campista de Letras é uma associação literária fundada por 39 intelectuais no dia 21 de junho de 1939, na cidade de Campos dos Goytacazes, no interior do estado do Rio de Janeiro.
Corria o ano de 1939. Lá fora, em breve começaria a segunda guerra mundial. No Brasil, vivíamos um tempo de restrições democráticas, sem eleições, sem partidos políticos, sem as liberdades formais para o livre debate das ideias em público. Campos era uma cidade que girava em torno das usinas, do comércio e da cana. Havia teatros, clubes, jornais, carnaval, jogos, casas de mulheres, os ritos e as rezas, faculdades, as confeitarias e os cafés onde se misturavam boêmios, jornalistas, advogados, médicos, músicos, poetas, intelectuais e políticos, todos buscando nas brechas possíveis espaços para se expressar.
Foi nesse ambiente que a Academia Campista de Letras foi fundada, em 21 de junho. Entre seus fundadores, ainda que figurassem progressistas no campo literário e político-ideológico, o grupo hegemônico-ainda que de indiscutível renome intelectual- era constituído por moderados, e conservadores. Tanto é verdade que, por muito tempo, a Academia ficaria blindada ao Modernismo e suas tendências que, numa espécie de Modernismo tardio, corajosamente e com brilho, despontava entre nós como resistência cultural ao longo dos anos 50. Dialeticamente, tempos depois, por ironia e imperativo histórico, seus mais representativos nomes passaram a fazer parte da instituição, em muito contribuindo para sua oxigenação e fortalecimento até os dias atuais...
Fundada no Café Clube (no Boulevard Francisco de Paula Carneiro/ “Calçadão”) entre falatórios, declamações e tertúlias, das mesas do Café, seus pioneiros saíram para a concretização do ato no antigo Edifício Trianon, na sala de representação do Diário Oficial/RJ, como nos informa Herbson Freitas. Seu primeiro presidente foi o Advogado Nelson Pereira Rebel (1939-1944).
Leia aqui, na íntegra, as palavras do primeiro presidente da ACL, Acadêmico Nelson Pereira Rebel, na reunião inaugural da instituição, datada de 15 de julho de 1939, em datilografia original, fruto de pesquisa da Acadêmica Rafaela Machado na Biblioteca do ex-presidente Godofredo Tinoco, no qual se destaca:
Fundando a “ACADEMIA CAMPISTA DE LETRAS” adquirimos, pensadamente, uma grande e profunda responsabilidade moral.
Não sonhamos a Academia.
Nós a deliberamos. E essa deliberação não pode, de qualquer maneira, ter a macilenta fisionomia da tentativa, a timidez do ensaio, nem tambem o rubor do adolescente entusiasmo momentaneo. Meditamos a lição historica de fundações efemeras. O exemplo das ficaram no simples grito vital do nascimento encerra uma advertencia severa para a iniciativa de agora. Não somos agitados pela paixão quente dos enamorados estudantes. O mais moço de todos nós já conhece a realidade que espera, de olhos arregalados, uma agremiação de letras em nosso meio. (sic)
É perceptível, portanto, a finalidade de perenização da instituição, algo que se observa na fala primeira do Acadêmico Nelson Rebel, na qual ele enfatiza a paciência que precedeu e que, consequentemente, sucede a ação fundacional da Academia, que, até os nossos dias, tem os olhos voltados para o porvir, sem tirar os olhos do que passou.




Registros fotográficos do Café Club nos anos de 1914 e 1916 - Acervo João Pimentel.
Estavam lá: Barbosa Guerra, Gastão Graça, Alberto Ribeiro Lamego, Dióscoro Vilela, Manoel Joaquim da Silva Pinto, Jerônimo Ribeiro, Álvaro Duarte Barcelos, Rogério Gomes de Souza, Letelbe Barroso, José Honório de Almeida, Godofredo Tinoco, Herdy Garchet, Mário Barroso, Alberto Frederico de Moraes Lamego, Silvio Fontoura, Abelardo N. Vasconcelos, Jaime Landim, José Landim, Ewerton Paes da Cunha e Isimbardo Peixoto ( segundo Dr. Welligton Paes).
Criada nos moldes da Academia Brasileira de Letras - que, por sua vez, tem por modelo a Academia Francesa -, estruturou-se a ACL com 40 Cadeiras reverenciando figuras ilustres nas letras, nas artes, nas ideias, no brilho cultural de Campos.
A Academia já funcionou em vários lugares depois de sua fundação: Automóvel Clube Fluminense, Associação de Imprensa Campista, residências de acadêmicos, salão nobre do Hospital da Santa Casa de Misericórdia, escritório do acadêmico Renato Marion Martins de Aquino e no Hotel Planície.
No dia 10 de abril de 1948, recebeu as chaves do prédio atual, onde funcionou a Escola Wenceslau Brás e a sede da LBA - Legião Brasileira de Assistência, localizado no centro do Parque Doutor Nilo Peçanha, também conhecido como Jardim São Benedito.

Obra de Renato Pessanha (2004) que retrata o Jardim São Benedito no ano de 1935 (acervo ACL)
Ao longo de sua história, devido às intempéries, parte do acervo da Academia foi perdido, o que dificulta o acesso a parte dos acontecimentos que marcaram a instituição. Diante disso, esta história foi composta por relatos de Acadêmicos e documentos ainda preservados.
Em 15 de abril de 1948, foi reconhecida a Utilidade Pública da instituição no Estado do Rio de Janeiro, por meio da Lei Estadual nº 113/1948, de autoria do Deputado Nelson Pereira Rebel, primeiro presidente da ACL.
Em 19 de dezembro de 2003, foi reconhecida a Utilidade Pública da instituição no Município de Campos dos Goytacazes, por meio da Lei Municipal nº 7557/2003.
Em 28 de dezembro de 2011, foi reconhecida pelo poder público municipal de enquanto Patrimônio Cultural do município de Campos dos Goytacazes, por meio da Resolução 002/2011 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos – COPPAM.
No mês de dezembro de 2024, a ACL foi reconhecida pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, como Ponto de Cultura, de acordo com os critérios e normativas da Política Nacional Cultura Viva (Lei nº 13.018/2014).
É conhecida como "Casa do Intelectual Campista", tendo abrigado grandes nomes da literatura do interior do estado do Rio de Janeiro, incluindo intelectuais ligados à medicina, ao direito, ao magistério e ao jornalismo.
Acesse o verbete da ACL na Wikipédia aqui.




