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Manoel Joaquim da Silva Pinto


Filho de Godofredo Saturnino da Silva Pinto, advogado ilustre nesta cidade de Campos e de Helvia Torres da Silva Pinto, Manoel Joaquim nasceu na rua Capitão Salomão, Botafogo, Rio de Janeiro, em 1911, vindo morar em Campos em 1915.

 

Morou, a maior parte de sua vida, na rua Saldanha Marinho, 387. Cursou o Primário na Escola de D. Izabel Ferraz e o Ginásio no Liceu de Humanidades de Campos, obtendo sempre as maiores notas. Retornou, depois, ao Rio de Janeiro onde ingressou na Faculdade de Direito, cursando-a até o 3° ano, tendo que abandonar os estudos por motivo de doença. Sua enfermidade nunca foi corretamente diagnosticada. Sabe-se que se localizava na parte posterior do cérebro e que provocava períodos de melancolia e de prostração. Seu pai levou-o à Europa em busca de cura com os mais renomados médicos daquela época, nada conseguindo. Abandonados os estudos de Direito, Manoel Joaquim dedicou-se, exclusivamente, à leitura e à produção de poesias.

 

Tinha grande sensibilidade e enorme cultura, pois era um devorador de livros. Sua biblioteca particular continha milhares de volumes, a maioria em francês, língua que falava e entendia fluentemente. Muitos desses livros foram doados à Faculdade de Filosofia de Campos após a sua morte.

 

Veio a tornar-se um dos maiores poetas de Campos dos Goytacazes - criava poemas e sonetos como quem cunha moedas. Recebeu prêmios no campo da literatura fluminense e era reconhecido por poetas famosos, entre os quais, J.G. de Araújo Jorge, prefaciador de seu livro Verde e Azul, deixado preparado para publicação pelo próprio "Meljim", como era chamado pelos familiares. Produziu poesia de natureza romântica e crítica. Manteve, por mais de 30 anos, produção diária de poemas e crônicas, publicados na imprensa fluminense e na campista, principalmente nos jornais "A Notícia", "Monitor Campista" e "O Fluminense". Em Campos, foi membro fundador da Academia Campista de Letras, e membro da Academia Pedralva de Letras. Em 1943, foi eleito membro da Academia Fluminense de Letras, em Niterói.

 

Desenvolvia os temas mais diversos como política, nacionalismo, religião e crítica literária de autores nacionais e estrangeiros. Aprofundou-se no estudo do Espiritismo e realizou intensa divulgação literária sobre o Movimento Integralista, pelo qual era apaixonado. Realizou, ainda, extensos estudos na área de filologia e linguística. Outra área pela qual tinha grande interesse era a Medicina - numa constante busca para entender sua doença. Era comum os vizinhos e conhecidos lhe fazerem pequenas consultas, pedindo-lhe, até mesmo, sugestão de remédios.

 

Apesar da doença, tornou-se Professor de Francês do Liceu de Humanidades de Campos e do Instituto de Educação Prof. Aldo Muylaert (IEPAM), vindo, mais tarde, a possuir ínfima e irrisória aposentadoria. De forma compulsória e à sua revelia, foi retirado do magistério por inveja e maledicência de alguns colegas influentes. Tal fato causou nele um imenso desgosto que o manteve prostrado, arredio e o levou, pelo resto de sua vida, a "entreter a razão"3 organizando e revendo seus escritos que, neste momento, por meio desta obra, começam a ser presenteados ao público.

 

Faleceu em Campos dos Goytacazes, de enfarto do coração, em 1976.

 

Texto extraído integralmente da obra “Verde e Azul: Meninice à Beira-Mar”, editada pela Editora Essentia e organizada pelas professoras Fernanda Pacheco da Silva Huguenin, Hélvia Pereira Pinto Bastos e Rita Maria de Abreu Maia.

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